A cortiça resulta da regeneração natural dos tecidos do sobreiro, o que permite a sua exploração sustentável e prolongada, a cada 9 anos, para utilização nos vários sectores industriais.
O sobreiro (Quercus suber L.) é uma árvore de grande longevidade (250-350 anos) revestido por um tecido vegetal formado por centenas de milhões de células, preenchidas com um gás semelhante ao ar e cujas paredes celulares são formadas dominantemente por polímeros como a suberina (39,4% ± 1,7), lenhina (24,0% ± 0,8) e polissacarídeos (19,9% ± 2,6) apresentando também outros compostos extrativos, como ceróides, compostos fenólicos (14,2% ± 1,1) e cinzas (1,2% ± 0,2) (Fortes et al., 2006). A cortiça apresenta propriedades de impermeabilidade, longevidade, elasticidade e compressibilidade. Estas características tornam a cortiça, material 100% natural, habilitado à produção de vedantes naturais com propriedades únicas e inigualáveis na conservação e melhoramento dos vinhos acondicionados em garrafa (APCOR, 2015).
A cortiça resulta da regeneração natural dos tecidos do sobreiro, o que permite a sua exploração sustentável e prolongada, a cada 9 anos, para utilização nos vários sectores industriais, como indústria rolheira, construção civil, têxteis, transportes, moda, entre outros. Dentro da vasta gama de produtos, o mais visível e rentável é a rolha de cortiça natural como vedante das garrafas de vinho, representando cerca de 15% do peso da produção total de cortiça e, em contrapartida, cerca de 2/3 da receita de mercado (Mazzoleni et al., 2004). Para além da sua importância nacional, a extração da cortiça gera importantes rendimentos e empregos ao nível local e regional em regiões desertificadas do interior do País, sendo, portanto, um fator socio- económico relevante.
Portugal detém cerca de 50% do valor global de produção de cortiça (APCOR, 2011) e os produtos de cortiça constituem uma das exportações nacionais de maior valor, com uma quota de aproximadamente 2,2% do produto interno bruto. Para além da sua importância socioeconómica, os montados de sobro também desempenham um papel ecológico determinante contra a desertificação e manutenção da biodiversidade (Fortes et al., 2004).
Dadas as incríveis evidências sobre as potencialidades e aplicabilidades da cortiça e do benefício dos sobreiros para os ecossistemas a eles associados, o sobreiro é uma espécie florestal protegida pela legislação portuguesa. O seu valor ambiental começou a ser internacionalmente reconhecido, pelo que os montados de todo o mundo, nomeadamente os portugueses, são alvo de uma série de iniciativas e atividades que visam a sua proteção e a garantia de uma exploração controlada na ótica da sustentabilidade.